O Centro Hepatobiliopancreático e de Transplantação da ULS São José realizou, no dia 14 de setembro de 2024, no Hospital Curry Cabral, o primeiro transplante renal do país com dador vivo com recurso a robótica na cirurgia do dador, tendo realizado o segundo no dia 23 de janeiro. Ambos os procedimentos decorreram com sucesso.
No primeiro transplante, a mãe, de 52 anos, doou um rim à filha, de 35 anos, que sofria de uma doença renal crónica já em hemodiálise há vários anos. As cirurgias decorreram sem problemas, tendo as pessoas recuperado bem.
A mãe, dadora, teve alta hospitalar às 48 horas de pós-operatório, ficando apta para regressar ao seu domicílio sem restrições. A filha, a recetora, teve alta ao sexto dia de pós-transplante.
No segundo transplante com robótica, o par (marido que doou um rim à sua mulher) encontra-se igualmente em boa recuperação.
A cirurgia de nefrectomia no dador (colheita do órgão) por robótica revela-se uma mais-valia em termos de segurança (pela melhor visão e precisão dos gestos, resultando numa maior facilidade no manuseamento de estruturas delicadas no rim) e no tempo de recuperação pós-operatória por se recorrer a cirurgia minimamente invasiva.
“A robótica tem sido uma marca diferenciadora da nossa ULS, permitindo-nos prestar melhores cuidados de saúde à população que servimos, ao mesmo tempo que contribuímos para a motivação e retenção de profissionais no Serviço Nacional de Saúde. Somos o maior centro de robótica do país e queremos manter esta aposta, continuando, assim, a inovar no cuidar”, destaca Rosa Valente de Matos, presidente do Conselho de Administração da ULS São José.
“A doação de um órgão em vida é um ato de grande generosidade, mas não isento de complicações. O recurso à robótica permite minimizar o trauma cirúrgico do dador, tornando a operação mais segura e facilitando a recuperação”, realça Hugo Pinto Marques, diretor do serviço de Cirurgia Geral e do Centro Hepatobiliopancreático e de Transplantação.
O programa de transplante renal da ULS São José teve início em 1989 e, desde então, já foram realizados cerca de 1.800 transplantes renais. O primeiro transplante de rim de dador vivo aconteceu em junho de 2006, tendo sido realizados mais de 70 destes transplantes desde essa data. “Este número parece-nos, no entanto, insuficiente para as necessidades da nossa população. Espero que a cirurgia robótica venha dinamizar a nossa atividade, motivando mais familiares e amigos de insuficientes renais a avançar para a doação”, refere Ana Pena, responsável da equipa cirúrgica do programa de transplantação renal.
Desde a aquisição do primeiro robô cirúrgico no então Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, a primeira unidade do SNS a dispor de um sistema de quarta geração, o da Vinci XI, já foram realizadas cerca de 2.000 cirurgias com recurso a robótica na unidade.
“Robô colheu rim de Fátima para a filha: ‘Foi a segunda vez que a minha mãe me deu vida’” – Público
Reportagem do jornal Público, publicada no dia 27 de janeiro, sobre o primeiro transplante renal do país com dador vivo com recurso a robótica. Da autoria da jornalista Gina Pereira e do fotojornalista Rui Gaudêncio, a peça contou com a participação de vários elementos das equipas envolvidas, nomeadamente Mafalda Sobral, a cirurgiã que operou o robô, Hugo Pinto Marques, diretor do serviço de Cirurgia Geral e do Centro Hepatobiliopancreático e de Transplantação, e Ana Pena, cirurgiã responsável pelo programa de transplantação renal da ULS São José.
Artigo publicado originalmente a 31/01/2025 em https://www.chlc.min-saude.pt/