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Produção personalizada de células CAR-T conta com dois médicos do IPO

O projeto CREATE foi selecionado para financiamento como projeto-piloto e exploratório, no âmbito da parceria LS4Future, uma infraestrutura financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (2020-2025). Esta iniciativa destaca-se como um exemplo de colaboração interdisciplinar e inovação na área das ciências da vida.

Os médicos Maria Gomes da Silva e Ximo Duarte (IPO Lisboa) vão colaborar com a investigadora principal Margarida Serra (Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica – iBET) no CREATE – um projeto que propõe uma abordagem inovadora na produção personalizada de células CAR-T.

O objetivo é otimizar a eficácia e segurança destas terapias em patologias linfoides, adaptando o processo de fabrico às características específicas de cada doente.

“Neste projeto conduzido em laboratório vamos analisar células (linfócitos T) de pessoas saudáveis e de doentes com neoplasias B, em diferentes fases do tratamento, para identificar fatores que contribuam para a produção de terapias celulares mais eficazes e menos tóxicas. De acordo com o que formos aprendendo, poder-se-ão modificar em laboratório algumas condições de produção das CAR-T para que no futuro esta seja otimizada e até certo ponto personalizada”, explica Maria Gomes da Silva, diretora do Serviço de Hematologia do IPO Lisboa.

As terapias CAR-T têm revolucionado o tratamento de alguns tipos de cancro, nomeadamente linfomas e leucemias, ao reprogramar as células T do próprio doente para atacar células tumorais. No entanto, e até ao momento, desafios como a variabilidade na qualidade das células T entre doentes e o tempo prolongado de fabrico limitam a sua eficácia e acessibilidade. A equipa do CREATE irá estudar as características celulares específicas de cada doente, de forma a adaptar a produção em biorreactores de pequena escala.

Segundo Ximo Duarte, especialista em oncologia pediátrica, este projeto vai estudar e otimizar as condições de produção de células CAR-T e as caraterísticas dos linfócitos que lhes irão dar origem, até para identificar qual o momento ideal de colheita ao longo do percurso clínico dos doentes. “Não tem qualquer implicação sobre os produtos utilizados para tratar os doentes atualmente. Mas esperamos que no futuro os resultados possam ser usados para desenhar condições otimizadas de produção de células CAR-T”.

Como vai decorrer esta colaboração? A componente experimental será desenvolvida nos laboratórios do iBET, enquanto as amostras clínicas serão colhidas no IPO Lisboa, após consentimento informado dos participantes. “No final do estudo, iremos novamente colaborar com a equipa do iBET na análise dos resultados e no desenho das próximas investigações com o mesmo objetivo de otimizar esta terapia avançada”, remata a hematologista.

O programa “Seed Funding – Pathway to Larger Grants” do LS4FUTURE apoia projetos colaborativos de curta duração por parte de investigadores integrados no Laboratório Associado LS4FUTURE – do qual o IPO Lisboa faz parte desde 2020, e que promovam a cooperação interinstitucional.

Artigo publicado originalmente a 30/06/2025 em https://www.ipolisboa.min-saude.pt/

Ilustração CAR-T